TEXTO ÁUREO
“E
todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 2.4)
VERDADE PRÁTICA
A
doutrina do Batismo no Espírito Santo e o falar em línguas como sua evidência
são um distintivo pentecostal mantido pela nossa igreja.
LEITURA DIÁRIA
Segunda
– Gn 1.2; Êx 31.2,3 A ação do Espírito Santo no Antigo Testamento
Terça
– Jl 2.28 A promessa do derramamento do Espírito Santo
Quarta
– At 2.1-4 O cumprimento da promessa do Espírito no Novo Testamento
Quinta
– 1 Co 12.7 O propósito dos dons espirituais é promover edificação da Igreja
Sexta
– 1 Co 12. 4-10 O falar em línguas como uma identidade pentecostal
Sábado
– 1 Co 12.11 Uma diversidade de operações realizadas pelo mesmo Espírito
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos
2.1-4; 1 Coríntios 12.7-11
Atos
2
1-
Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
2- e,
de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu
toda a casa em que estavam assentados.
3- E
foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram
sobre cada um deles.
4- E
todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
1
Coríntios 12
7-
Alas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
8-
Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo
mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9- e
a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de
curar; 10- e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a
outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a
outro, a interpretação das línguas.
11-
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo
particularmente cada um como quer.
Hinos Sugeridos: 5, 24, 437 da Harpa Cristã
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
O
tema desta semana é o movimento sutil que visa enfraquecer a identidade
pentecostal. Ele é real e já está entre nós. Há quem trabalhe para enfraquecer
a liberdade das manifestações das línguas, as manifestações dos dons
espirituais no culto ao Senhor e, principalmente, as línguas como evidência
inicial do Batismo no Espírito Santo.
A
respeito das línguas como evidência inicial, já há quem a negue. Por isso, a
presente lição abordará o:
(I)
Pentecostes Bíblico;
(II)
O Distintivo Pentecostal de nossa Igreja;
(III)
Mantendo a chama pentecostal acessa. Precisamos preservar a identidade
pentecostal.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A)
Objetivos da Lição:
I)
Conceituar o Pentecostes Bíblico;
II)
Identificar o distintivo pentecostal de nossa igreja;
III)
Conscientizar a respeito da manutenção de nossa identidade pentecostal.
B)
Motivação: Imagine Gunnar Vingren, ao desembarcar em Belém do Pará, ensinando:
As línguas não são a evidência inicial do Batismo no Espírito. Você consegue
imaginar isso? Ora, é um ensino que contraria toda a história do Movimento
Pentecostal no Brasil. Infelizmente, há quem defenda esse tipo de ensino,
ignorando completamente o que o Espírito Santo fez nos primórdios de nossa
história e continua a fazer nos dias atuais.
C)
Sugestão de Método: Para concluir a lição desta semana, leve papéis e lápis
para o espaço de aula. Distribua para os alunos e peça que respondam às
seguintes perguntas:
1)
Você conhece a identidade pentecostal?
2)
Você tem sido coerente com a identidade pentecostal?
3) O
que você tem feito para preservar a identidade pentecostal?
Os
alunos não precisam assinar as folhas. Em seguida, reforce a identidade
pentecostal e indique obras literárias aos alunos que reforcem essa identidade.
Sugerimos as seguintes obras: “Pentecostes: Essa história é a nossa história”;
“Revestidos de Poder”; “Falar em línguas – O maior dom?”, ambas editadas pela
CPAD.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
1. A) Aplicação: Após a conclusão, ore com os alunos rogando que o Senhor
Jesus batize os crentes no Espírito Santo, distribua dons espirituais e
edifique a Igreja, o Corpo de Cristo.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A)
Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz
reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas
Adultos. Na edição 91, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta
lição.
B)
Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão
suporte na preparação de sua aula:
1) O
texto “O Batismo no Espírito Santo” é uma reflexão que expande o primeiro
tópico a respeito do fundamento do pentecostes bíblico;
2) O
texto “Os dois propósitos das Escrituras” traz uma reflexão da Bíblia como
instrumento base das nossas experiências com Deus
INTRODUÇÃO COMENTÁRIO
Nesta
lição bíblica vamos estudar a identidade pentecostal e sua relação com o
pentecostes bíblico. Contudo, o nosso enfoque será mostrar que algumas
sutilezas do erro têm aparecido no meio do Movimento Pentecostal. No contexto
de nossa igreja, o principal deles está relacionado com a negação da atualidade
dos dons espirituais e, de uma forma mais específica, a negação da doutrina do
falar em outras línguas como a evidência física do Batismo no Espírito.
Vejamos, pois, como corrigir esse desvio doutrinário.
COMENTÁRIO
A
Palavra de Deus alerta, em Romanos 1.23-26, quanto a mudanças indevidas e seus
resultados funestos para a igreja. Daniel menciona “mudanças” como uma das
características do tempo do Anticristo. Essas mudanças são muitas e
injustificáveis, como a teologia da libertação, o culto da prosperidade, além
de um elevado número de fatos e eventos registrados na Bíblia transformados em
doutrina pelos falsos mestres.
Em 2
Coríntios 4.2, lemos sobre o perigo da falsificação da Palavra de Deus e o que
devemos fazer para não sermos enganados: “antes, rejeitamos as coisas que, por
vergonha, se ocultam, não andando com astúcia nem falsificando a palavra de
Deus; e assim recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus,
pela manifestação da verdade”.
Há um
padrão bíblico para a igreja (2Tm 1.13; Hb 8.5). E os que a edificam devem
atentar para o que está escrito em I Coríntios 3.10: “Segundo a graça de Deus
que foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre
ele; mas veja cada um como edifica sobre ele”, pois a obra de cada um se
manifestará (v. 13). Cuidado, os edificadores da igreja; os que fazem
discípulos para o Senhor (Mt 28.19).
Souza.
Ronaldo Rodrigues de,. Teologia Sistemática Pentecostal. Editora
CPAD. pag. 179-180.
O
reavivamento e crescimento do Cristianismo ao redor do globo, especialmente nos
países do Terceiro Mundo, é um testemunho poderoso de que os dons espirituais
estão operando na promoção do Reino de Deus. O Movimento
Pentecostal/Carismático cresceu de 16 milhões, em 1945, a 405 milhões, até
1990.1 As dez maiores igrejas no mundo pertencem a esse movimento.
A
exegese de todos os textos do Novo Testamento concernentes aos dons espirituais
está além do escopo deste capítulo. Meu enfoque recairá nos principais ensinos
de Paulo a respeito dos dons na Igreja e no viver diário do crente, sobre como
se relacionam os dons e os frutos e a maneira de exercer os dons. O ensino
bíblico sem a prática é decepcionante; a prática sem o ensino sólido é
perigosa. Por outro lado, o estudo deve levar à prática, e a prática pode
iluminar o estudo.
HORTON.
Staleym. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora
CPAD.
Tem
sido considerável o número de livros escritos nestes últimos anos por autores
antipentecostais, com o propósito de denegrir a nossa fé. Pelo que me consta,
nunca um escritor de confissão pentecostal, no Brasil, assumiu a
responsabilidade de escrever uma refutação a esses livros. Em geral, os nossos
líderes têm deixado que o próprio progresso do Movimento Pentecostal e a fé
dinâmica das igrejas que o compõem silenciem a pena dos seus oponentes
gratuitos; mas isso tem sido inútil, pois os tais não se convencem nem diante
de fatos. Para eles, mais importa uma boa pitada de confusão teológica, do que
as provas documentadas por vidas transformadas; esquecendo-se eles que teologia
sem uma genuína experiência de vida é semelhante à fé sem as obras – é morta.
Raimundo
F. de Oliveira. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD.
Palavra-Chave: ENFRAQUECIMENTO
I – O PENTECOSTES BÍBLICO
1- O Espírito prometido.
O
Antigo Testamento mostra a ação do Espírito Santo em diferentes momentos e
sobre a vida de diferentes pessoas. Assim vemos o Espírito do Senhor agindo
sobre a Criação (Gn 1.2); na vida de Bezalel (Êx 31.2,3); Gideão (Jz 6.34);
Jefté (Jz 11.29) etc. Na Antiga Aliança há uma excepcionalidade da ação do
Espírito de Deus. De uma forma mais específica, o Espírito de Deus sob o Antigo
Pacto atuava sobre a vida de pessoas escolhidas para obras especiais; dos
sacerdotes, reis e profetas (Êx 28.41; 1Sm 16.14; 1Rs 19.16). Assim se observa
uma ação mais restrita do Espírito de Deus na Antiga Aliança. Contudo, no
Antigo Testamento, havia uma promessa do derramamento do Espírito de Deus sobre
todos, e não apenas sobre pessoas escolhidas ou uma classe especial (Ez
36.26,27; Jr 31.31-34; Jl2.28).
COMENTÁRIO
A
OBRA DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO TESTAMENTO.
A
Bíblia descreve várias atividades do Espírito Santo no Antigo Testamento.
(1) O
Espírito Santo desempenhou um papel ativo na criação. O segundo versículo da
Bíblia diz que “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2),
preparando tudo para que a palavra criadora de Deus desse forma ao mundo. Tanto
o Verbo de Deus (i.e., a segunda pessoa da Trindade) quanto o Espírito de Deus,
foram agentes na criação (ver Jó 26.13; Sl 33.6; ver o estudo A CRIAÇÃO). O
Espírito também é o autor da vida. Quando Deus criou Adão, foi indubitavelmente
o seu Espírito quem soprou no homem o fôlego da vida (Gn 2.7; cf. Jó 27.3). O
Espírito Santo continua a dar vida às criaturas de Deus (Jó 33.4; Sl 104.30).
(2) O
Espírito estava ativo na comunicação da mensagem de Deus ao seu povo. Era o
Espírito, por exemplo, quem instruía os israelitas no deserto (Ne 9.20). Quando
os salmistas de Israel compunham seus cânticos, faziam-no mediante o Espírito
do Senhor (2Sm 23.2; cf. At 1.16,20; Hb 3.7-11).
Semelhantemente,
os profetas eram inspirados pelo Espírito de Deus a declarar sua palavra ao
povo (Nm 11.29; 1Sm 10.5,6,10; 2Cr 20.14; 24.19,20; Ne 9.30; Is 61.1-3; Mq 3.8;
Zc 7.12; cf. 2Pe 1.20,21). Ezequiel ensina que os falsos profetas “seguem o seu
próprio espírito” ao invés de andarem segundo o Espírito de Deus (Ez 13.2,3).
Era possível, entretanto, o Espírito de Deus vir sobre alguém que não tinha um
relacionamento genuíno com Deus para levá-lo a entregar uma mensagem verdadeira
ao povo (ver Nm 24.2 nota).
(3) A
liderança do povo de Deus no AT era fortalecida pelo Espírito do Senhor.
Moisés, por exemplo, estava em tão estreita harmonia com o Espírito de Deus que
compartilhava dos próprios sentimentos de Deus; sofria quando Ele sofria, e
ficava irado contra o pecado quando Ele se irava (ver Êx 33.11 nota; cf. Êx
32.19). Quando Moisés escolheu, em obediência à ordem do Senhor, setenta
anciãos para ajudá-lo a liderar os israelitas, Deus tomou do Espírito que
estava sobre Moisés, e o colocou sobre eles (Nm 11.16,17; ver 11.12 nota).
Semelhantemente, quando Josué foi comissionado para que sucedesse Moisés como
líder, Deus indicou que “o Espírito” (i.e., o Espírito Santo) estava nele (Nm
27.18 ver nota). O mesmo Espírito veio sobre Gideão (Jz 6.34), Davi (1Sm 16.13)
e Zorobabel (Zc 4.6). Noutras palavras, no AT a maior qualificação para a
liderança era a presença do Espírito de Deus.
(4) O
Espírito de Deus também vinha sobre indivíduos a fim de equipá-los para
serviços especiais.
Um
exemplo notável, no AT, era José, a quem fora outorgado o Espírito para
capacitá-lo a agir de modo eficaz na casa de Faraó (Gn 41.38-40). Note, também,
Bezalel e Ooliabe, aos quais Deus concedeu a plenitude do seu Espírito para que
fizessem o trabalho artístico necessário à construção do Tabernáculo, e também
para ensinarem aos outros (ver Êx 31.1-11; 35.30-35). A plenitude do Espírito
Santo, aqui, não é exatamente a mesma coisa que o batismo no Espírito Santo no
NT
No
AT, o Espírito Santo vinha sobre uns poucos indivíduos selecionados para
servirem a Deus de modo especial, e os revestia de poder. O Espírito do Senhor
veio sobre muitos dos juízes, tais como Otniel (Jz 3.9,10). Gideão (Jz 6.34),
Jefté (Jz 11.29) e Sansão (Jz 14.5,6; 15.14-16). Estes exemplos revelam o
princípio divino que ainda perdura: quando Deus opta por usar grandemente uma
pessoa, o seu Espírito vem sobre ela.
(5)
Havia, ainda, uma consciência no AT de que o Espírito desejava guiar as pessoas
no terreno da retidão. Davi dá testemunho disto em alguns dos seus salmos (Sl
51.10-13; 143.10). O povo de Deus, que seguia o seu próprio caminho ao invés de
ouvir a voz de Deus, recusava-se a seguir o caminho do Espírito (ver Gn 16.2
nota). Os que deixam de viver pelo Espírito de Deus experimentam,
inevitavelmente, alguma forma de castigo divino.
(6)
Note que, nos tempos do AT, o Espírito Santo vinha apenas sobre umas poucas
pessoas, enchendo-as a fim de lhes dar poder para o serviço ou a profecia. Não
houve nenhum derramamento geral do Espírito Santo sobre Israel. O derramamento
do Espírito Santo de forma mais ampla (cf. 2.28,29; At 2.4,16-18) começou no
grande dia de Pentecoste.
A
PROMESSA DO PLENO PODER DO ESPÍRITO SANTO. O AT antegozava a era vindoura do
Espírito, i.e., a era do NT. (1) Em várias ocasiões, os profetas falaram a
respeito do papel que o Espírito desempenharia na vida do Messias. Isaías, em
especial, caracterizou o Rei vindouro, o Servo do Senhor, como uma pessoa sobre
quem o Espírito de Deus repousaria de modo especial (ver Is 11.1-4; 42.1;
61.1-3). Quando Jesus leu as palavras de Isaías 61, em Nazaré, cidade onde
morava, terminou dizendo: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”
(Lc 4.21).
(2)
Outras profecias do AT anteviam o período do derramamento geral do Espírito
Santo sobre a totalidade do povo de Deus. Entre esses textos, o de maior
destaque é 2.28,29, citado por Pedro no dia de Pentecoste (At 2.17,18). Mas a
mesma mensagem também se acha em Is 32.15-17; 44.3-5; 59.20,21; Ez 11.19,20;
36.26,27; 37.14; 39.29. Deus prometeu que, quando a vida e o poder do seu
Espírito viessem sobre o seu povo, os seus seriam capacitados a profetizar, ver
visões, ter sonhos proféticos, viver uma vida em santidade e retidão, e a
testemunhar com grande poder. Por conseguinte, os profetas do AT previram a era
messiânica. E, a respeito dela, profetizaram que o derramamento e a plenitude
do Espírito Santo viriam sobre toda a humanidade. E foi o que aconteceu no
domingo do Pentecoste (dez dias depois de Jesus ter subido ao céu), com uma
subsequente gigantesca colheita de almas (cf. 2.28,32;At 2.41; 4.4;
13,44,48,49).
Stamps,
Donald C,. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pag.
1291-1292.
A
Promessa do Espírito no Antigo Testamento
O
Antigo Testamento é um prelúdio indispensável à discussão sobre o batismo no
Espírito Santo. Os eventos acontecidos no dia de Pentecostes (At 2) foram o
clímax das promessas de Deus feitas séculos antes, sobre a instituição da nova
aliança e a inauguração da era do Espírito. Duas passagens são especialmente
importantes:
Ezequiel
36.25-27 e Joel 2.28,29.
A
passagem de Ezequiel fala sobre a água pura sendo espalhada e a purificação de
todas as imundícies espirituais. Ela continua, dizendo que o Senhor removerá os
corações de pedra de seu povo e dar-lhe-á “um coração novo” e “um coração de
carne”, além de colocar dentro dele “um espírito novo”. A concessão do Espírito
Santo é o meio pelo qual essa mudança acontecerá: “porei dentro de vós o meu
espírito”. Como resultado, o Senhor diz: “e farei que andeis nos meus
estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (v. 27).
A
promessa é claramente relacionada ao conceito de regeneração do Novo
Testamento. Paulo fala sobre “a lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo” (Tt 3.5), ecoando a declaração de Jesus sobre a necessidade de
“nascer da água e do Espírito” (Jo 3.5). A transformação que acontece no novo
nascimento resulta num estilo de vida transformado, tornado possível pela
concessão do Espírito Santo. 0 Espírito habita dentro de cada crente (Rm
8.9,14-16: 1 Co 6.19): assim a ideia de um crente sem o Espírito Santo é uma
contradição em seus termos.
A
profecia de Joel é bem diferente da de Ezequiel. Ela não fala sobre
transformação interior, estilo de vida alterado, ou a atuação interior do
Espírito Santo: em vez disso, o Senhor diz: “derramarei o meu Espírito sobre
toda a carne”. O resultado será muito dramático — os vasos profetizarão, terão
sonhos e visões. Essa profecia lembra um desejo muito intenso de Moisés:
“Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu
Espírito! ” (Nm 11.29). A narrativa ressalta a ênfase em Joel e no Novo
Testamento de que o derramamento do Espírito não é restrito a indivíduos
selecionados ou a um local particular. Os paralelos entre a profecia de Joel e
o desejo de Moisés são inerrantes.
Em
Joel os resultados da atividade do Espírito são bem diferentes daqueles em
Ezequiel; eles são dramáticos e “carismáticos” por natureza. O termo
“carismático” passou a significar a atividade especial do Espírito de uma
natureza dinâmica, e também será utilizado nesta obra. Sabe-se, no entanto, que
a palavra grega chârísrm tem um alcance de significados maior no Novo
Testamento. Não obstante, o uso corrente determina significado corrente. Na
profecia de Joel, o Espírito vem sobre o povo de Deus em primeiro lugar para
dar lhe o poder de profetizar. Isso é evidente quando Pedro cita Joel em seu
discurso no dia de Pentecostes (At 2.16 21). Nesse dia, os discípulos foram “cheios
do Espírito Santo” (At 2.4); eles não foram regenerados por aquela experiência.
Desse
modo, precisamos concluir, dadas as diferenças substanciais entre as profecias
de Ezequiel e de Joel, que deveriam haver duas vindas históricas separadas do
Espírito Santo? A resposta tem de ser não. E melhor falar de uma promessa ampla
do Espírito que inclui tanto a sua habitação interior quanto seu derramar ou a
concessão de poder ao povo de Deus. Esses são dois aspectos da prometida
atuação do Espírito Santo na nova era.
O
quadro a seguir ilustra a dupla promessa do Pai:
Ezequiel
Joel/Moisés
Limpeza
Capacitação
Novo
coração, novo espírito
Profecias, sonhos, visões
Espírito
interior
Espírito derramado fora/sobre
Mudança
moral
Sem menção de conduta
Atuação
interna do
Espírito
Atuação visível do Espírito
Natureza
–
habitacional
Natureza – carismática
Anthony
de Palma. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Editora
CPAD. pag. 14-17.
Vestimentas
do Espírito
Gideão,
em contraste com Débora, precisou ser encorajado repetidas vezes. Pertencia a
uma família de pouca importância na tribo de Manasses. (A tribo de Efraim,
embora descendesse do filho mais novo de José, assumiu a liderança e fez com
que a tribo de Manasses se sentisse marginalizada e esquecida). Deus encorajou
Gideão por meio de uma prova com um velo de lã e do sonho de um midianita, a
fim de que ele assumisse a liderança e cresse que receberia a vitória.
Obedeceu, inclusive, ao anjo que lhe apareceu e destruiu a idolatria na casa de
seu pai.
Esse
ato de fé e de obediência não demorou a ser seguido por uma experiência muito
rara com o Espírito Santo. Lemos: “O Espírito do Senhor revestiu a Gideão” (Jz
6.34). Nesta passagem, a palavra hebraica é bem diferente daquela que é
traduzida por “veio sobre” em Juízes 3.10. “Revestiu a Gideão” significa
“vestiu-se de Gideão”.
Muitos
estudiosos bíblicos não alcançam o significado total desse fato. A
interpretação mais comum de Juízes 6.34 é que o Espírito Santo revestiu Gideão.
Keil não chega à altura, quando diz que o Espírito Santo “desceu sobre ele, e
colocou-se ao seu redor como se fosse uma armadura, ou um equipamento forte,
para Gideão tornar-se invencível e invulnerável no seu poder”. Semelhantemente,
A.B. Davidson diz que subentende “o envolver completo de todas as faculdades
humanas na dimensão divina”. Knight, embora ofereça a tradução correta do texto
hebraico, interpreta-o no sentido de que Gideão “vestiuse do Espírito do Deus vivo!
A ação poderosa que então realizou ao livrar Israel não era apenas sua própria
ação; era também a ação salvífica de Deus”.
O
Targum judaico explica simplesmente que o Espírito da força do Senhor veio
sobre Gideão. Alguns escritores modernos tratam do assunto como apenas mais uma
manifestação repentina ou violenta do Espírito Santo, ao passo que outros (tais
como Bertheau, Fuerst e Ewald) oferecem uma interpretação semelhante à de Keil.
Uns
poucos reconhecem, no entanto, que o hebraico somente pode significar que o
Espírito Santo encheu Gideão. Ele não se revestiu do Espírito Santo, o Espírito
Santo revestiu-se de Gideão. Para Gideão estar vestido do Espírito Santo, é
mais provável que foi usada outra forma do verbo hebraico. Gideão era apenas a
roupa, “o manto exterior do Espírito Santo que governa, fala e testifica nele”.
HORTON.
Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora
CPAD.
2- O Espírito derramado.
No
Novo Testamento, entretanto, é que as promessas a respeito da vinda do Espírito
Santo têm cumprimento. O profeta Joel profetizou a vinda do Espírito de uma
forma copiosa (Jl 2.28). Essa promessa teve seu fiel cumprimento no Dia de
Pentecostes e é identificada como o Batismo no Espírito Santo (At 2.1-4). No
Pentecostes observamos que o Espírito é derramado sobre toda a carne, sem
distinção de sexo, raça ou idade. Isso mostra a universalização da promessa de
Deus. Todos os que creem, e não apenas alguns escolhidos, podem ser revestidos
pelo Espírito Santo. Diferentemente do Antigo Pacto, no qual apenas pessoas
especiais tinham o privilégio de serem usadas por Deus; no Novo Pacto, a partir
de Pentecostes, Deus derramou o seu Espírito sobre todo o seu povo. Agora todos
poderiam cumprir a missão de proclamar a mensagem de seu Reino.
COMENTÁRIO
Este
é um sinal visível do dom que os discípulos receberam. Eles viram línguas
repartidas, como que de fogo (v. 3), as quais pousaram – ekhatise. Não foram as
línguas repartidas que pousaram, mas Ele, o Espírito (assim significado), que
pousou sobre cada um deles, como ocorreu com os profetas de antigamente. Ou
conforme a descrição do Dr. Hammond: “Houve o surgimento de algo parecido com a
luz de fogo em chamas sobre cada um deles, que se dividiu e, assim, assumiu a
semelhança de línguas divididas ou repartidas próximo das suas cabeças”. A
chama de uma vela é algo semelhante a uma língua. Existe um meteoro que os
naturalistas chamam ignis lambens – uma chama suave, não um fogo voraz, como
fora este.
HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE
Edição completa. Editora CPAD. pag. 13.
A
descida do Espírito Santo (2.1-4)
Cristo
subiu, e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e
enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a igreja.
Destacamos
aqui alguns pontos importantes.
Em
primeiro lugar, o significado do Pentecostes (2.1a).
Ao
cumprir-se o dia de Pentecostes… A palavra pentecoste significa o quinquagésimo
dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da
semana da Páscoa (Lv 23.15,16), portanto era o primeiro dia da semana. E também
chamado de Festa das Semanas (Dt 16.10), Festa da Colheita (Êx 23.16) e Festa
das Primícias (Nm 28.26). Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e
durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias
aparições a seus discípulos.
Dez
dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes. John
Wesley afirma que, no Pentecostes do Sinai no Antigo Testamento e no
Pentecostes de Jerusalém no Novo Testamento aconteceram duas grandes
manifestações de Deus, a legal e a evangélica; uma da montanha e a outra do
céu; a primeira terrível, e a segunda, misericordiosa.
Em
segundo lugar, a espera do Pentecostes (2.1b).
…
estavam todos reunidos no mesmo lugar. Os 120 discípulos estavam congregados no
cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repente, o Espírito Santo
foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do Pai anunciada por Jesus,
havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no
mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito.
Em
terceiro lugar, o derramamento do Espírito no Pentecostes (2.2-4).
O
historiador Lucas registra a descida do Espírito com as seguintes palavras:
De
repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa
onde estavam assentados. E apareceram distribuídas entre eles, línguas, como de
fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo
e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem (2.2-4)
O
derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo
produzido, ensaiado, fabricado.
Aconteceu
algo verdadeiramente do céu. Foi incontestável e irresistível. Foi soberano,
ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados.
Foi definitivo, ele veio para ficar para sempre com a igreja. Aquilo que aqui
se denomina ficar cheio, também é chamado de batismo (1.5; 11.16), derramamento
(2.17,18; 10.45) e recebimento (10.47).69 William MacDonald diz que a vinda do
Espírito envolveu um som para ouvir, um cenário para ver e um milagre para
experimentar. O versículo 1 informa-nos que todos estavam reunidos no mesmo
lugar.
O
termo todos, que aparece mais uma vez no versículo 4, deve ser entendido no
sentido de que não só os doze estão presentes, mas também as mulheres e os
outros discípulos mencionados em 1.13-15. Foi sobre todos esses, e não só sobre
os doze, que o Espírito desceu.
Três
fatos nos chamam a atenção.
Primeiro,
o derramamento do Espírito veio como um som (2.2). Não foi barulho, algazarra,
falta de ordem, histeria, mas um som do céu. A palavra grega echos, usada aqui,
é a mesma usada em Lucas 21.25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento
do Espírito foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando
sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a
Palavra.
Segundo,
o derramamento do Espírito veio como um vento (2.2). O vento é símbolo do
Espírito Santo (Ez 37.9,14; Jo 3.8). O Espírito veio em forma de vento para
mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é
livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito
sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele
soprasse.
Como
o vento, o Espírito é soberano; ele sopra irresistivelmente.
O
chamado de Deus é irresistível, e sua graça é eficaz. O Espírito sopra no
templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra e nos
antros do pecado.
Quando
ele sopra, ninguém pode detê-lo. Os homens podem até medir a velocidade do
vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é
misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai.
Seu
curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda dos homens nem se deixa
domesticar.
Terceiro,
o derramamento do Espírito veio em línguas como de fogo (2.3). O fogo também é
símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo
ardia e não se consumia (Ex 3.2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor,
desceu fogo do céu (2Cr 7.1). No Carmelo, Elias orou, e fogo desceu (lR s
18.38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros
labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo, e o Espírito desceu em línguas como
de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar
fogo sobre a terra. Hoje, muitas vezes, a igreja está fria. Parece mais uma
geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar
corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de
fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “Como podemos experimentar
um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “Acenda uma
fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa
a arder.
John
Wesley disse: “Ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”.
Matthew
Henry diz que o fogo foi dado como sinal de cumprimento da predição de João Batista
relativa a Jesus: Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11),
ou seja, com o Espírito Santo, como fogo. Os discípulos estavam na Festa de
Pentecostes celebrando o recebimento da lei no monte Sinai. A lei foi dada em
fogo, por isso foi chamada “lei de fogo” como o evangelho é chamado “evangelho
de fogo”. A missão de Ezequiel foi confirmada por uma visão de brasas de fogo
ardente (Ez 1.13), e a de Isaías, por uma visão de brasa viva que lhe tocou os
lábios (Is 6.6,7). O Espírito, como o fogo, derrete o coração, separa e queima
a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o
fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais.
Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc 12.49).
Quarto,
o derramamento do Espírito traz uma experiência pessoal de enchimento do
Espírito Santo (2.4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus
havia deixado isso claro (Jo 13.10; 15.3; 17.12). De acordo com a teologia de
Paulo, se eles já eram já salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo
escreveu: […] Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm
8.9). Jesus disse: Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no
Reino (Jo 3.5).
Além
de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre
eles o Espírito Santo, e disse: […] Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22). Mas a
despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito,
eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo,
outra é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito,
outra é ser cheio dele. Uma coisa é ter o Espírito presente, outra é tê-lo como
presidente.
Você,
que tem o Espírito, está cheio do Espírito?
A experiência
da plenitude é pessoal (At 2.3,4). O Espírito desce sobre cada um
individualmente. Cada um vive sua própria experiência. Ninguém precisa pedir,
como as virgens néscias, azeite emprestado. Todos ficaram cheios do Espírito.
Concordo com Matthew Henry quando diz: “Para mim está claro que não só os doze
apóstolos, mas todos os 120 discípulos foram igualmente cheios do Espírito
Santo nessa ocasião”. Logo que eles ficaram cheios do Espírito, começaram a
falar as grandezas de Deus (2.11). Sempre que alguém ficou cheio do Espírito no
livro de Atos começou a pregar (At 1.8; 2.4,11,14,41; 4.8,29-31; 6.5,8-10;
9.17-22). A plenitude do Espírito nos dá poder para pregar com autoridade.
Certa feita, David Hume, o patrono dos agnósticos, foi visto correndo pelas
ruas de Londres. Alguém o abordou: “Para onde você vai, com tanta pressa?” . O
filósofo respondeu: “Vou ver George Whitefield pregar”. O questionador lhe
perguntou, espantado: “Mas você não acredita no que ele prega, acredita?”. Hume
respondeu: “Eu não acredito, mas ele acredita!”. Um crente cheio do Espírito
prega a Palavra com poder e autoridade.
Matthew
Henry diz que eles foram cheios com a graça do Espírito e ficaram, mais do que
nunca, sob a sua influência santificadora. Agora, eles eram santos, espirituais,
menos apegados a este mundo e mais familiarizados uns com os outros. Ficaram
mais cheios do consolo do Espírito, alegraram-se mais no amor de Jesus e na
esperança celestial, e, nisso, todas as suas aflições e medos foram absorvidos.
Eles
também foram, como prova disso, enchidos com os dons do Espírito Santo, que é o
propósito específico do evento narrado neste texto.
LOPES.
Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora
Hagnos. pag. 50-55.
SINOPSE I
O
Pentecostes Bíblico está ancorado na promessa do derramamento do Espírito Santo
e no cumprimento dessa promessa.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
O
Batismo no Espírito Santo “Os pentecostais reconhecem que o Novo Testamento
fala de dois batismos no Espírito: um que é soteriológico e inicia o crente no
corpo de Cristo (1Co 12.13) e um que é missiológico e capacita o crente para o
serviço (At 1.8). No entanto, os pentecostais acham que é particularmente
adequado adotar a linguagem de Lucas e falar do dom pentecostal como ‘batismo
no Espírito Santo’. Afinal, esse batismo no Espírito Santo é prometido a todo
crente, a todos os servos e servas de Deus (At 2.18). Lucas usa a frase em três
ocasiões, Paulo apenas uma vez.
Os
pentecostais também temem que, se a linguagem de Paulo for empregada e o dom do
Espírito recebido na conversão for chamado de ‘o batismo no Espírito Santo’,
então o dom pentecostal deixará de ser adequadamente entendido. A tendência nas
igrejas protestantes é ler Lucas à luz de Paulo. Paulo trata das preocupações
pastorais na igreja; Lucas escreve um manifesto missionário. Talvez isso
explique por que discussões protestantes acerca do Espírito centralizam-se mais
em sua obra na Palavra e sacramentos, ‘o testemunho interior’ do Espírito, e
menos em sua missão para o mundo” (MENZIES, Robert P. Pentecostes: Essa
História é a nossa História. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p.54).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“VOSSOS FILHOS E VOSSAS FILHAS PROFETIZARÃO
Joel
prevê que um dos principais resultados do derramamento do Espírito Santo será a
distribuição dos dons espirituais, entre estes o de profetizar. A Manifestação
do Espírito, através dos dons, torna conhecida a presença de Deus entre 0 seu
povo. O apóstolo Paulo declarou que se a igreja profetiza, o incrédulo será
compelido a declarar: ‘que Deus está verdadeiramente entre vós (1Co 14.24,25).”
Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada
pela CPAD, p.1290.
II – O DISTINTIVO PENTECOSTAL DE NOSSA IGREJA
1- A atualidade dos dons espirituais.
Agostinho
de Hipona (354-430) introduziu na igreja o erro doutrinário de que os dons
haviam cessado. No entendimento dele, os dons, de fato, existiram, contudo,
haviam sido restritos ao período apostólico. Esse ensino moldou o catolicismo
medieval e, mesmo com o advento da grande Reforma luterana, os reformadores não
conseguiram se desvencilhar dele. O Movimento Pentecostal surge posteriormente
como resposta a esse desvio doutrinário. Os Pentecostais não somente creem que
os dons estão vigentes na Igreja como os exercem. Nossa igreja emerge na
história dessa gigantesca explosão do reavivamento dos dons espirituais. Na sua
Declaração de Verdades Fundamentais de 1916, as Assembleias de Deus confessavam
que todos os crentes têm o direito e devem sinceramente buscar a promessa do
Pai, o Batismo no Espírito Santo e com fogo. Afirma ainda que com o Batismo no
Espírito Santo vem o revestimento de poder para a vida e serviço, a concessão dos
dons e seus usos no trabalho do ministério (Lc 24.49; At 1.4,8; 1Co 12.1-31). E
que essa experiência maravilhosa é distinta e subsequente à experiência do novo
nascimento (At 10.44-46; 11.14-16; 15.7-9).
COMENTÁRIO
COM A
PALAVRA, A ACUSAÇÃO
Um
dos livros mais pretensiosos e, de propósito, eminentemente antipentecostal,
foi publicado em 1972, pela Junta de Educação Religiosa e Publicações da
Convenção Batista Brasileira (JUERP). Esse livro tem por título: “Movimento
Modemo de Línguas”, de autoria do batista americano, Robert G. Gromacki.
Numa
análise feita por Gromacki quanto à origem do Movimento Pentecostal, após
analisar se o movimento é de origem divina, satânica, psicológica ou
artificial, ele conclui que tem de ser considerado “não somente como uma
simulada contrafação, porém como sendo realmente de origem satânica”.
Outro
livro, “A Doutrina do Espírito Santo”, trabalho encomendado pela Convenção
Batista Brasileira, combate as células “renovacionistas” surgidas no seio dessa
Convenção, trazendo, inclusive, palavras pouco elogiosas ao Movimento
Pentecostal, sempre tido pelos autores (treze lideres batistas brasileiros),
como “confusão”, “gritaria”, “descontrole físico”, “emocionalismo demasiado”
etc.
H.E.Alexander,
um dos autores antipentecostais mais lidos no Brasil, em seu livro
“Pentecostismo ou Cristianismo?” mostra o Movimento Pentecostal como uma ameaça
à integridade do verdadeiro Cristianismo. Escreve:
“Temos,
portanto, de evitar todo equívoco e afirmar com precisão que, se existe um
‘Movimento de Pentecoste’ há também um considerável número de crentes que
diligenciam não ser deste ‘movimento’, mas que, no entanto, possuem um forte
espírito ‘pentecostista’. Por este fato, é que nós julgamos necessário falar de
‘pentecostalismo’, pois que pretendemos em absoluto não fazer parte deste
‘movimento’, pois pode-se ter certas concepções mentais e certas interpretações
errôneas que, como é óbvio, engendram um espírito que não é outra coisa senão
um espírito estranho, semelhante ao do Pentecostismo”.
Mais
à frente escreve Alexander:
“Perante
os erros e estragos do Pentecostismo, há somente uma atitude digna do cristão.
Se ele caiu neste erro, que confesse a Deus e se separe absolutamente daquilo
que a Bíblia condena. Quanto ao crente que teve algum contacto com estes
desvarios, mas que começa a discerni-los, que se afaste deles e saiba que Deus
o destina a outra coisa: ao serviço frutuoso… Porém, que se mantenha bem perto
de seu Salvador, pela razão seguinte: um espírito estranho não deixa nunca sua
vítima escapar com facilidade. Quando numa alma começam a surgir dúvidas a
respeito do Movimento Pentecostal e seu espírito começa a discernir a verdade
quanto as contrafações, aos exageros e erros doutrinários que caracterizam o
Pentecostismo, se ela abrir-se com algum adepto deste movimento, haverá então
reação imediata: ‘Não nos compreende mais, suas dúvidas são causadas peio
pecado’. Ou então, o que é pior ainda: ‘Verá o que vai suceder-lhe se nos
deixar, o julgamento de Deus o atingirá’. E chamam a isto de ‘Despertamento’ e
‘Pentecoste!’ Ou, em vez de ameaças, apelarão para o sentimentalismo, como
pretexto de amor, lágrimas -procedimento que não é são nem santo, e do qual é,
às vezes, difícil livrar-se. Porém, com o socorro de Deus, andando na
obediência de Cristo e sua Palavra, aquele que tiver sido dominado pelos
pentecostais será libertado.”
Para
H.E.Alexander, o Movimento Pentecostal ou “Pentecostismo”, como ele prefere
chamar, nada mais é do que um dos ramos do Espiritismo, Feiticismo, Macumba, ou
coisa semelhante; movimento de cuja influência aqueles que a ele se apegam
devem ser exorcisado pelo ensino antipente-costal.
Francisco
Huling, autor do opúsculo: “É Bíblico o Pentecostismo?”, escreveu:
“Deus
libertou o autor deste folheto do erro pentecostal alguns anos atrás. Um
domingo de manhã, numa reunião pentecostal, um membro levantou-se e começou a
ler o capítulo 14 de 1 Coríntios, e eu escutei-o atentamente. De repente uma
mulher levantou-se e começou a levantar os braços e a ‘falar em línguas’ e depois
mais uma, e mais outra, até que nove ao todo estavam num estado de êxtase
descontrolada. Mas mesmo entre o barulho e o pandemônio que faziam, eu consegui
ouvir as palavras: ‘Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as
igrejas dos santos… Mas faça-se tudo descentemente e com ordem’, 1 Co 14.33,40.
O contraste completo entre o que eu via e o que as Escrituras diziam
ajudaram-me a pensar, e eu comecei a ver que o Pentecostalismo não é de Deus,
mas sim do Diabo”.
No
seu livro, “Os Carismáticos”, John F. MacArthur, denuncia e condena o Movimento
Carismático, por, segundo ele, fazer da experiência algo superior às
Escrituras.
Poderia
continuar citanto textos de muitos outros livros de autores antipentecostais,
que tenho na minha biblioteca, porém, deixo de fazê-lo por duas razões:
primeiro, por absoluta falta de espaço, e em segundo lugar, porque contêm
praticamente as mesmas blasfêmias e desprezo pelo Movimento Pentecostal.
Raimundo
F. de Oliveira. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD.
«…a
respeito…» Provavelmente uma referência à inquirição feita pelos crentes de
Corinto, em uma missiva dirigida a Paulo, como também se vê em I Cor. 7:1. Ou
então essa expressão pode ser uma simples designação de modificação de assunto,
em que se passaria para outro tema.
«…não
quero que sejais ignorantes…» Essa fórmula paulina indica os assuntos que
merecem nossa cautelosa atenção. (Ver I Cor. 10:1 e comparar com Rom. 1:13;
11:25; II Cor. 1:8; I Tes. 4:13). Porém, também pode estar subentendido que a
despeito de todo o seu pretenso conhecimento, bem como da posse de tais dons,
devido ao seu abuso, faltava-lhes o conhecimento essencial a respeito desses
dons e de seu propósito. Aqueles coríntios vinham usando os dons espirituais
para sua própria exaltação, como parte de suas facções e de sua adoração a
«heróis», ao invés de fazerem-no para a glória de Cristo. Ora, isso era uma
«ignorância» essencial sobre a questão da natureza e do uso dos dons
espirituais.
«…irmãos…»
Essa palavra é de vez em quando usada por Paulo para suavizar suas declarações
ásperas, mostrando seu afeto, reconhecendo que estava identificado com eles, em
Cristo, conforme tem sido frequentemente empregado em outros trechos desta
epístola. (Ver I Cor. 1:11,26; 2:1; 3:1 e 10:1). Paulo também empregou a
expressão «meus amados», em I Cor. 10:14. Mas, em I Cor. 11:1, volta ele a
empregar a palavra «irmãos».
«…ignorantes…»,
isto é, acerca dos meios, dos usos e dos propósitos dos dons espirituais,
especialmente em face do fato que servem para exaltar a Jesus Cristo e devem
proceder da parte do Espírito Santo (ver o terceiro versículo deste capítulo),
em contraste com sua anterior idolatria, que envolvia todas as modalidades de
elementos prejudiciais (ver o segundo versículo). Os verdadeiros dons espirituais
e seu devido emprego devem ser encarados como um sinal digno de confiança que
os crentes de Corinto tinham abandonado sua adoração idólatra, pertencendo
agora a um novo Senhor. Porém, os abusos por eles cometidos punham tudo isso em
dúvida.
CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 189.
A
importância do verdadeiro entendimento dos dons espirituais (12.1). Quando
Paulo escreve: Não quero, irmãos, que sejais ignorantes, ele está indicando a
importância de todo esse assunto. Os coríntios haviam sido recentemente
convertidos ao cristianismo. “Com suas ideias sobre a moralidade cristã ainda
em fase de formação, com pouco conhecimento das Escrituras do AT, e com as
Escrituras do NT ainda em fase de composição, não é de admirar que os coríntios
fossem ignorantes”.
Era
muito importante ter conhecimento sobre o lugar e a natureza dos dons
espirituais, porque os coríntios tinham uma formação voltada à idolatria. Paulo
estava ansioso para “apagar das suas mentes alguns traços do seu antigo
politeísmo, imprimindo nelas a verdade de que os diversos dons vêm de um
Espírito, da Unidade Infinita”.
Em
Corinto o conceito que as pessoas tinham sobre os dons do Espírito havia se
degenerado. Como consequência natural, “os dons eram muito reverenciados, não
aqueles que eram os mais úteis, mas os que eram aparentemente mais
impressionantes. Entre eles o dom de línguas era o mais proeminente por ser o
mais expressivo da nova vida espiritual”.4 A maioria dos dons relacionados por
Paulo no capítulo 12 foi ignorada e aquele que mais se distinguia dos outros
era o dom de falar em línguas. Parece que o interesse estava centralizado em
adquirir o poder de fazer coisas milagrosas e de provocar admiração na mente
dos descrentes. O Espírito Santo foi explorado com a finalidade de se obter
resultados sensacionais. “Parece que a sua função santificadora na vida dos
cristãos havia sido relegada a um segundo plano, e Ele era considerado o autor,
não da graça… mas dos [dons] charismas, e no vocabulário da época a palavra
‘espiritual’ era um atributo imputado aos efeitos do espírito de poder, e não
aos efeitos de um espírito de santidade”.
Dessa
maneira, o Espírito Santo passou a significar, na mente das pessoas comuns, não
o poder de crer, de esperar, de amar ou de ser puro, mas o poder de falar
admiravelmente, em êxtase, e de realizar feitos sensacionais. Sobre esse tipo
de religião o mesmo autor declara:
Toda
a comunidade das pessoas que podem ser religiosas, mas ao mesmo tempo falsas,
ambiciosas e sensuais, que se dobram como juncos frente à crescente corrente de
um tempo de entusiasmo, mas sem uma radical mudança do coração, logo começa a
fervilhar. Elas apareciam em toda parte, como a praga no meio do trigo do Reino,
e eram singularmente abundantes na igreja de Corinto, onde todos podiam falar
de uma forma ou outra, e a virtude não era levada em conta – uma igreja que
havia se limitado a uma mistura de línguas.
Por
causa da dissensão e dos atritos causados pela perda de perspectiva em relação
aos dons espirituais, a igreja de Corinto enfrentava sérias dificuldades,
correndo até mesmo o risco de uma extinção espiritual. Como Hayes comentou:
“Esta é uma prova da insuperável genialidade do apóstolo Paulo, que foi capaz de
salvar essa e todas as suas igrejas do fanatismo e da dissolução, e de
construir por meio delas um cristianismo que conquistou o mundo”.
Donald
S. Metz. Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. Editora CPAD.
Vol. 8. pag. 333.
2- As línguas como evidência.
A
Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916 afirma que: “O batismo dos
crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em
outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar (At
2.4). O falar em línguas neste caso é o mesmo em essência que o dom de línguas
(1Co. 12. 4-10, 28), mas diferente em propósito e uso”.
Nenhum
pentecostal da primeira geração tinha dúvida quanto a isso. Tanto William H.
Durham, bem como Gunnar Vingren e Daniel Berg, pentecostais da primeira
geração, criam e pregavam com convicção essa doutrina. Contudo, nos dias atuais
esse ensino tem dado sinais de enfraquecimento. Isso por conta de ensinamentos
sutis que negam a doutrina das línguas como evidência inicial do poderoso
batismo pentecostal. A sutileza está em dizer que o falar em outras línguas, de
fato, existe, contudo, não é para todos. Esse desvio doutrinário tira a
convicção do crente de que esse dom seja para ele. Na dúvida, ninguém recebe
nada (Tg 1.6- 8). No entanto, a doutrina das línguas como evidência inicial do
Batismo no Espírito é inegociável.
COMENTÁRIO
São
duas as marcas distintivas do pentecostalismo clássico, “batizar ou ser
batizado no Espírito Santo” como algo distinto da conversão, trata-se de uma
experiência subsequente à salvação, como capacitação para o serviço, e a
identificação do falar em línguas como evidência física inicial do batismo no
Espírito.
O
falar línguas é a evidência física inicial que indica que o irmão ou a irmã foi
batizado no Espírito Santo, “mas somente a evidência inicial, pois há evidência
contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito” (Gl 5.22)
e a manifestação dos dons (1Co 14.1)”.46 Esse é o resultado de muitos debates
desde os pioneiros do pentecostalismo moderno como Charles Fox Pahram e William
J. Seymour, esse último liderou o movimento da Rua Azusa. Outros líderes
surgiram não somente em Los Angeles, na Califórnia, como também no estado do
Texas, em Topeka e Houston, em Chicago, no estado de Illinois, em Nova Iorque e
também em diversas regiões da Europa, como Alemanha, Inglaterra e Suíça. Mas,
foi na primeira Conferência Mundial Pentecostal, organizada em Zurique, Suíça,
1947, que afirmou a doutrina da evidência inicial.
Charles
Fox Pahram, um itinerante metodista convertido ao movimento Holiness e pregador
de curas pela fé, é tido por muitos como o fundador do pentecostalismo. Ele
influenciou o movimento com o pensamento único do falar em línguas como
evidência do batismo no Espírito Santo. Mas, isso já havia sido ensinado na
Grã-Bretanha. Cerca de 75 anos antes do avivamento da Rua Azusa, Edward Irving
(1792-1834), teólogo presbiteriano escocês, que, segundo o Dicionário do
Movimento Pentecostal, foi o precursor do movimento pentecostal, fundou em
Londres a Igreja Apostólica Católica, que não sobreviveu tempo o suficiente
para se juntar aos pentecostais do século 20.48 Um discípulo de Pahram, William
J. Seymour, liderou o movimento da Rua Azusa a partir de 1906.
Houve
divergências entre os pioneiros do pentecostalismo clássico, cuja posição nunca
foi monolítica. Vamos às Escrituras. O fenômeno, “falar em outras línguas”,
aparece explicitamente três vezes associado diretamente a ação divina de
batizar no Espírito Santo (At 2.4; 10.44-48; 19.1-7).
A
narrativa de Atos 2.1-13 mostra que as línguas do Pentecostes são
ininteligíveis, a glossolalia, que se distinguem das línguas humanas reais.
Lucas emprega dois termos gregos para “línguas” na narrativa do dia de
Pentecostes: glo¯ssa (vv. 3, 4, 11) e dialektos (vv. 6, 8). Glo¯ ssa significa
“língua”, como fala, linguagem, “idioma” e também membro ou órgão físico da
boca (Tg 3.5), que aparece metaforicamente no relato de Lucas: “E apareceram,
distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, as quais pousaram sobre cada um
deles” (v. 3). Ao serem cheios do Espírito Santo, os discípulos e as discípulas
“começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem” (v. 4). A exegese das línguas permite os pentecostais clássicos
interpretarem o falar em línguas como um dom do Espírito e de natureza
ininteligível.
A
palavra “outras” em grego é heteros, assim: lalein heterais glo¯ ssais
significa “falar em outras línguas”. Segundo o Dicionário Vine, o adjetivo
heteros “expressa uma diferença qualitativa e denota ‘outro’ de tipo
diferente”. Lucas está falando de uma língua que só pode ser compreendida por
um milagre.
O
falar em línguas revela as grandezas de Deus: “todos os temos ouvido em nossas
próprias línguas falar das grandezas de Deus” (v. 11). E quando Cornélio com
sua família e amigos foram batizados no Espírito Santo, o apóstolo Pedro e a
sua comitiva: “os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46).
Nessas línguas, glo¯ ssai, plural de glo¯ ssa, eles magnificam a Deus como em
Pentecostes, eles falavam das grandezas de Deus. Mais adiante, o apóstolo Paulo
revela que o dom de línguas é a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). O termo
grego para “línguas”, no derramamento do Espírito em Pentecostes, na casa de
Cornélio e nos discípulos de Éfeso, é glo¯ ssa (At 10.46; 19.6).
O
dialekto é a “linguagem” de um país ou região, “idioma, dialeto”. Fora da
narrativa do Pentecostes, essa palavra aparece mais quatro vezes no Novo
Testamento como idioma (At 1.19; 21.40; 22.2; 26.14). Quando esses peregrinos
de Jerusalém se referem a sua língua materna, Lucas emprega o substantivo
dialektos, “porque cada um os ouvia falar na sua própria língua” (v.6); “Então
como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (v. 8). A
manifestação das línguas nos discípulos era o dom de línguas, glossolalia, e os
de fora ouviam em seu próprio idioma, em que cada um foi nascido. O milagre em
Pentecostes foi duplo: os discípulos falaram línguas desconhecidas, a glo¯ ssa,
e cada representante dessas 17 nações os ouvia cada um em sua própria língua,
dialektos. Deus capacitou a cada um para que entendesse em sua própria língua,
mas a língua que os discípulos falavam era ininteligível.
A
glossolalia é a manifestação das línguas estranhas no batismo no Espírito Santo
bem como das línguas como um dos dons espirituais. São línguas celestes e
ininteligíveis. Trata-se de um termo técnico de origem grega, glo¯ ssa,
“língua, idioma”, e de lalía, “modo de falar” (Mt 26.73), “linguagem” (Jo
8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein, “falar”. A expressão lalein
glo¯ ssais, “falar línguas” (1 Co 14.5), é usada no Novo Testamento para
indicar a linguagem do Espírito (1 Co 14.15). É comum o uso do termo
“glossolalia” nos temas pentecostais para designar o “falar em línguas”.
A
xenolalia é outra coisa, é a habilidade de falar uma língua que o indivíduo não
aprendeu. O termo vem do grego xenos, “estrangeiro, estranho”, e lalein,
“falar”. Os pioneiros pentecostais da Rua Azusa pensavam que o dom de línguas
fosse uma xenolalia, e por isso esperavam evangelizar rapidamente o mundo com
esse recurso. Os precursores do avivamento da Rua Azusa, como A. B. Simpson e
W. B. Godbey, entendiam o dom de línguas como uma xenoglossia missionária.
Alguns pais da igreja chegaram a pensar dessa maneira, como Irineu de Lião em
Contra as Heresias, no livro V.6.1, e também João Crisóstomo, patriarca de
Constantinopla, em Homilia sobre 1 Coríntios 12.1, 2. Pahram defendeu essa
ideia a vida inteira, mas a maioria dos pioneiros pentecostais da Rua Azusa
abandonou rapidamente essa visão de “língua missionária”.
Segundo
Robert Menzies, as línguas podem servir como ferramenta evangelística, mas em
casos muito especiais, e o único exemplo xenolálico é o próprio Pentecostes: “E
em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações
que estão debaixo do céu” (At 2.5). Mas, segundo Max Turner, Lucas não deixa
evidência de que “glo¯ ssais lalein geralmente servia a um propósito
evangelístico”. Mas, isso não significa necessariamente que Deus não tenha
operado esse milagre ao longo da História.
Soares.
Esequias,.O verdadeiro Pentecostalismo. A atualidade da doutrina Bíblica
sobre a Atuação do Espírito Santo. Editora CPAD. 1 Ed. 2020.
Em
todos os períodos da história, todas as vezes que o Espírito Santo se
manifestou na vida de uma pessoa, esta desempenhou o papel de um verdadeiro
cristão pentecostal, pois seria impossível não deixar fluir o que recebera; era
necessário dividir com os outros.
No
início do presente século, por volta do fim de 1900, alguns alunos de uma
escola teológica começaram a estudar sobre o batismo no Espírito Santo.
Entre
esses alunos estavam Agnes Ozman e duas outras mulheres.
O
estudo ministrado pelo Pr. Parham aos seus 40 primeiros alunos era realmente
gratificante. Porém, a experiência durante o culto da noite de 1º de janeiro de
1901, foi algo realmente sublime.
Agnes
Ozman, sentindo um forte desejo de ser batizada no Espírito Santo, perguntou ao
Pr. Parham se ele poderia impor suas mãos e orar para que ela recebesse a
promessa.
De
acordo com o relato do Pr. Parham, “Agne Ozman falou chinês por três dias,
durante os quais não podia falar nem escrever inglês”.
O mês
de janeiro, então, é considerado a data oficial do início do Movimento
Pentecostal que se estende até os nossos dias.
Os
discípulos de Éfeso, quando foram visitados pelo apóstolo Paulo, receberam o
Espírito Santo mediante a fé e pela imposição das mãos do apóstolo (At 19.6).
Outro
relato importantíssimo que está registrado nos anais da história do
pentecostalismo é o acontecimento da rua Azuza, na cidade norte-americana de
Los Angeles, Califórnia, EUA.
A
mensagem do Pr. Parham e a notícia do que havia acontecido influenciaram J. A.
Warren a abrir uma nova escola bíblica em Houston, Texas. Warren era orador
leigo metodista, assistente de Parham e William J. Seymour.
Seymour
era de raça negra e, juntamente com outros negros que se interessaram pela
mensagem do movimento da “Fé Apostólica”, mudou-se para Los Angeles e ali
iniciou um ponto de pregação em uma casa de família na Bonnie Brae Street, para
um público mesclado. Falava e pregava, mediante a sua fé nas Escrituras de algo
que ele mesmo ainda não havia provado. Porém, no domingo de 9 de abril de 1906
o próprio Seymour e outros sete irmãos receberam o batismo no Espírito Santo. O
resultado não poderia ser outro; como esse acontecimento, muitos curiosos e
pessoas interessadas em conhecer a glossolalia, vinham assistir aos cultos, e
com isso o ambiente em pouco tempo se tornou pequeno.
Seymour
se viu obrigado a obter um espaço maior, num lugar acessível a todos. Foi assim
que descobriu um prédio de uma igreja metodista episcopal, que estava fechada,
na rua Azuza nº 312, lugar propício para continuar seu trabalho. Fundou-se
então, nesse local, a Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé
Apostólica).
O
movimento de Azuza Street 312 foi tão poderoso que causou grande vulto entre o
povo, atraindo até mesmo a mídia secular, que por sua vez se encarregou de
divulgar os acontecimentos. Assim, vinham pessoas de várias partes do país e
até mesmo do exterior para comprovar aquilo que eles ouviam falar de Avivamento
Espiritual. Com as visitas de pessoas de longe, o movimento espiritual foi se
espalhando por meio dos que recebiam e levavam consigo o poder pentecostal para
os pontos mais distantes do mundo.
O
avivamento alcançou a Índia; de Seattle, Washington, chegou ao Japão; da
Escandinávia à Inglaterra, Holanda e Alemanha; da Inglaterra à Estônia; da
Índia ao Chile. Dos principais avivamentos que varreram a América do Norte — de
Topeka, Kansas, Houston, Texas, Los Angeles, Califórnia; Nova York, Chicago,
Illinois; e outros — surgiram dois jovens suecos: Gunnar Vingren e Daniel Berg.
Estes são os pioneiros da nossa denominação, atualmente a que mais cresce no
mundo e a maior do país.
Analisando
esses pequenos relatos cronológicos, entendemos que o avivamento pentecostal
contribuiu e muito para que hoje tivéssemos uma denominação forte e
fundamentada nos preceitos bíblicos. E sabe-se que, da maioria dos envolvidos
no pentecostes da rua Azuza, muitos saíram com a chama missionária em seus
corações, estabelecendo igrejas em diversas partes do mundo.
Carvalho.
César Moises,. Pentecostalismo e Pós Modernidade; Quando a experiência
sobrepõe a teologia. Editora CPAD. 2 Ed. 2017.
Trata-se
de uma experiência espiritual que ocorre após ou junto à regeneração, sendo
acompanhada da evidência física inicial do falar em outras línguas: “E todos
foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme
o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Nessa passagem, ser
“cheio do Espírito” indica ser batizado no Espírito Santo. O falar em línguas é
a evidência inicial desse batismo, mas somente a evidência inicial, pois há
evidência contínua da presença especial do Espírito como o “fruto do Espírito”
(Gl 5.22) e a manifestação dos dons. O batismo no Espírito Santo é uma bênção
resultante da obra de Cristo no Calvário.
A
extensão da promessa. O derramamento do Espírito veio com um sinal específico,
o falar em línguas: “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar
em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At
2.4). Essa experiência repete-se na vida da Igreja: “Porque os ouviam falar em
línguas e magnificar a Deus” (At 10.46); “veio sobre eles o Espírito Santo; e
falavam línguas e profetizavam” (At 19.6). Isso porque a experiência
pentecostal não ficou restrita ao dia de Pentecostes; ela acontece no cotidiano
da Igreja de Cristo na terra ao longo dos séculos, conforme a promessa divina:
“Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que
estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Jesus
disse que é uma dádiva do Pai para qualquer crente que crê e busca,10 homens e
mulheres de todas as idades, independentemente de seu status social. A promessa
do Espírito Santo diz respeito principalmente aos “últimos dias” (At 2.17), e
não somente à era dos apóstolos. Além disso, Pedro, ao citar o profeta Joel,
substituiu a expressão “derramarei o meu Espírito” (Jl 2.28) por “derramarei do
meu Espírito” (At 2.17), que indica um ponto de partida. Isso mostra que o
Pentecostes foi o início da dispensação do Espírito Santo, (conhecida também
como Dispensação da Graça ou da Igreja) e que a efusão do Espírito seria na sua
plenitude nos ״últimos dias”, os dias em que estamos vivendo. Essa profecia de
Joel iniciou o seu cumprimento no dia de Pentecostes e contempla essa bênção
para homens e mulheres de todas as idades.
A
natureza das línguas. A expressão “outras línguas” (At 2.4) diz respeito a um
tipo diferente. Essas línguas são de natureza espiritual, pois que eles falavam
“conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2.4). Essas línguas
reaparecem mais adiante como um dos dons do Espírito Santo, o de variedade de
línguas: “Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus;
por- que ninguém 0 entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2). A
língua aqui é da mesma essência da do Pentecostes; a diferença está na função.
É a chamada glossolalia, palavra usada para indicar “outras línguas”, que podem
ser humanas ou celestiais.12 Essa é a nossa marca, como pentecostais que somos.
Quem ora em línguas edifica-se a si mesmo.13 Cada representante das nações
presentes em Jerusalém nessa ocasião14 ouvia na sua língua materna “falar das
grandezas de Deus” (At 2.11). Algo semelhante aconteceu na experiência na casa
de Cornélio: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At
10.46). A capacidade para compreender essa fala veio do Espírito Santo: ״[…]
porque cada um os ouvia falar na sua própria língua […]. Como pois os ouvimos,
cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?” (At 2.6,8). Isso
mostra que é possível o Espírito Santo usar um crente de pouca instrução para
falar numa língua desconhecida, a qual ele não estudou e nem aprendeu, para
transmitir uma mensagem na língua materna de um estrangeiro a fim de revelar o
poder de Deus e a sua glória. As línguas só cessarão quando vier aquEle que é
perfeito,15 uma referência à volta de Cristo: “Portanto, irmãos, procurai, com
zelo, profetizar e não proibais falar línguas” (1 Co 14.39).
Soares.
Esequias,. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Editora CPAD.
pag. 165; 167-169.
SINOPSE II
A
atualidade dos dons espirituais e as línguas como evidência inicial do Batismo
no Espírito Santo são distintivos da identidade pentecostal.
III – MANTENDO A CHAMA PENTECOSTAL ACESA
1- Fidelidade às Escrituras.
Uma
marca distintiva dos pentecostais clássicos ou históricos era seu amor e
fidelidade às Escrituras (cf. At 2.42). Já foi dito que o Movimento Pentecostal
surgiu em um contexto de reação ao liberalismo Teológico. Uma das
características do liberalismo teológico era o secularismo que negava a
infalibilidade e inerrância das Escrituras. Para os pentecostais, a Bíblia é a
inerrante e infalível Palavra de Deus. Sem dúvida o afrouxamento doutrinário e
a consequente negação da atualidade dos dons Espirituais são marcas que mostram
que segmentos do Movimento Pentecostal contemporâneo estão se distanciando da
Palavra de Deus. Todo desvio doutrinário, bem como toda heresia, existem por conta
da negação ou acréscimo de alguma coisa às Escrituras. Como dizia certo
teólogo, as Escrituras não precisam de penduricalhos. Precisamos voltar às
Escrituras.
COMENTÁRIO
A
vida da igreja cheia do Espírito Santo (2.42-47)
A
igreja de Jerusalém conjugava doutrina e vida, credo e conduta, palavra e
poder, qualidade e quantidade. Hoje vemos igrejas que revelam grandes
desequilíbrios. As igrejas que zelam pela doutrina não celebram com entusiasmo.
As igrejas ativas na ação social desprezam a oração. Aquelas que mais crescem
em número mercadejam a verdade. Ao contrário disso, a igreja de Jerusalém era
unificada (2.44), exaltada (2.47a) e multiplicada (2.47b).
Quais
são as marcas de uma igreja cheia do Espírito Santo?
Em
primeiro lugar, uma igreja cheia do Espírito é comprometida com a fidelidade à
Palavra de Deus (2.42).
A
igreja de Jerusalém nasceu sob a égide da verdade.
A
igreja começou com o derramamento do Espírito, a pregação cristo Centrica e a
permanência dos novos crentes na doutrina dos apóstolos. A doutrina dos
apóstolos é o inspirado ensino pregado oralmente naquele tempo, e agora
preservado no Novo Testamento. Stott diz que o Espírito Santo abriu uma escola
em Jerusalém; seus professores eram os apóstolos que Jesus escolhera; e havia 3
mil alunos no jardim da infância. A igreja apostólica era uma igreja que
aprendia. Com isso, deduzimos que o anti-intelectualíssimo e a plenitude do
Espírito são incompatíveis, pois o Espírito Santo é o Espírito da verdade. O
Espírito de Deus leva o povo de Deus a submeter-se à Palavra de Deus. Justo
González destaca que o perseverar no ensino dos apóstolos não quer só dizer que
o povo não se desviou das doutrinas apostólicas ou permaneceu ortodoxo. Quer
dizer também que eles perseveraram na prática de aprender com os apóstolos —
que eram alunos, ou discípulos, ávidos por conhecimento sob o comando dos
mestres.
Ao
longo da história houve muitos desvios da verdade: às heresias da Idade Média;
a ortodoxia sem piedade; o Pietismo — piedade sem ortodoxia; os quacres — o
importante é a luz interior; o movimento liberal — a razão acima da revelação;
e o movimento neopentecostal — a experiência acima da revelação.
Deus
tem um compromisso com a Palavra. Ele tem zelo pela Palavra. Uma igreja fiel
não pode mercadejar a Palavra.
Em
segundo lugar, uma igreja cheia do Espírito é perseverante na oração (2.42).
Uma igreja cheia do Espírito ora com fervor e constância. A igreja de Jerusalém
não apenas possuía uma boa teologia da oração, mas efetivamente orava.
Ela
dependia mais de Deus do que dos próprios recursos:
Atos
1.14 — Todos unânimes perseveravam em oração;
Atos
3.1 – Os líderes da igreja vão orar às 3 horas da tarde;
Atos
4.31 – A igreja sob perseguição ora, o lugar treme e o Espírito desce;
Atos
6.4 – A liderança entende que a sua maior prioridade é oração e a Palavra;
Atos
9.11 – O primeiro sinal que Deus deu a Ananias sobre a conversão de Paulo é que
ele estava orando;
Atos
12.5 – Pedro está preso, mas há oração incessante da igreja em seu favor e ele
é miraculosamente libertado;
Atos
13.1-3 — A igreja de Antioquia ora e Deus abre as portas das missões mundiais;
Atos
16.25 — Paulo e Silas oram na prisão e Deus abre as portas da Europa para o
evangelho;
Atos
20.36 – Paulo ora com os presbíteros da igreja de Éfeso na praia;
Atos
28.8,9 – Paulo ora pelos enfermos da ilha de Malta e os cura.
Em
terceiro lugar, uma igreja cheia do Espírito tem uma profunda comunhão
(2.42,44-46). Em uma igreja cheia do Espírito os irmãos se amam profundamente.
Na igreja de Jerusalém os irmãos gostavam de estar juntos (2.44). Eles
partilhavam seus bens (2.45). Eles apreciavam estar no templo (2.46) e também
nos lares (2.46b). Havia um só coração e uma só alma. Onde desce o óleo do
Espírito, aí há união entre os irmãos; aí ordena o Senhor a sua bênção e a vida
para sempre (SI 133). Os crentes eram sensíveis para ajudar os necessitados
(2.44,45). Eles converteram o coração e o bolso. Tinham desapego dos bens e
apego às pessoas.
Encarnaram
a graça da contribuição. Concordo com Stott quando ele diz que a comunhão
cristã e o cuidado cristão é compartilhamento cristão.92 Justo González
enfatiza que o partir do pão não significa apenas que eles comiam junto.
Refere-se
à celebração da comunhão, que desde o início e por muitos séculos, é o centro
da adoração crista.
Em
quarto lugar, uma igreja cheia do Espírito adora a Deus com entusiasmo (2.47).
Uma igreja cheia do Espírito canta com fervor e louva a Deus com entusiasmo. O
culto era um deleite. Eles amavam a casa de Deus. Uma igreja viva tem alegria
de estar na casa de Deus para adorar. A comunhão no templo é uma das marcas da
igreja ao longo dos séculos. O louvor da igreja era constante. Uma igreja
alegre canta. Os muçulmanos têm mais de um bilhão de adeptos no mundo, mas eles
não cantam. Uma igreja viva tem um louvor fervoroso, contagiante, restaurador,
sincero, verdadeiro. O louvor que agrada a Deus tem origem no próprio Deus, tem
como propósito exaltá-lo e tem como resultado quebrantamento dos corações. O
culto verdadeiro produz reverência e alegria, pois, se a alegria do Senhor for
obra do Espírito, o temor do Senhor também será autêntico.
A
igreja de Jerusalém era reverente e também receptiva ao agir soberano de Deus.
Tinha a agenda aberta para as soberanas intervenções do Senhor. Acreditava nos
milagres de Deus. A manifestação extraordinária de Deus estava presente na vida
da igreja:
Atos
3 — O paralítico é curado;
Atos
4.31 — O lugar onde a igreja ora, treme;
Atos
5.12,15 — Muitos sinais e prodígios são efetuados;
Atos
8.6 — Filipe realiza sinais em Samaria;
Atos
9 — A conversão de Saulo é seguida da sua cura;
Atos
12 — Pedro é libertado pelo anjo do Senhor; Atos 16.26 – Ocorre um terremoto em
Filipos;
Atos
19.11 – Pelas mãos de Paulo, Deus fazia milagres;
Atos
28.8,9 – Deus cura os enfermos de Malta pela oração de Paulo. Hoje há dois
extremos na igreja: aqueles que negam os milagres e aqueles que os inventam.
LOPES.
Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora
Hagnos. pag. 65-69.
Este
primeiro relato da igreja que acabava de nascer descreve a adoração na igreja
primitiva, na primeira década da igreja. Os três mil novos crentes se agregaram
aos outros crentes. Isto é, se reuniram com outros como eles, pessoas de
pensamento e fé semelhantes. Perseveravam implica que estavam regularmente,
continuamente, persistindo nas atividades que vinham a seguir.
Estas
atividades formam um mapa prático não somente para a igreja de um dia de idade,
mas para qualquer igreja, de qualquer idade.
A
doutrina dos apóstolos era essencial para o conteúdo daquilo que deveria ser
estudado. Os apóstolos, as testemunhas oculares de tudo o que Jesus tinha feito,
seriam aqueles a quem o Espírito Santo lembraria as verdades fundamentais
segundo as quais a igreja seria conduzida pelos séculos futuros (Jo
14.17,25,26; 16.13). Desde o início, a igreja primitiva se dedicou a ouvir,
estudar e aprender o que os apóstolos tinham para ensinar.
A
comunhão (do grego, koinonia) significa associação e relacionamentos íntimos.
Isto era mais do que simplesmente ficarem juntos, certamente mais do que
simplesmente uma reunião religiosa. Isto envolvia compartilhar bens, fazer refeições
juntos, e orar juntos.
O
partir do pão se refere aos cultos de comunhão que eram realizados como
lembrança de Jesus e instituídos de acordo com a Última Ceia, que Jesus tinha
tido com os seus discípulos antes da sua morte (Mt 26.26-29). E provável que
este culto incluísse regularmente uma refeição em comum (At 2.46; 20.7; 1 Co
10.16; 11.23-25; Jd 1.12).
A
oração está ligada ao partir do pão, para explicar a palavra “comunhão”. Estas
eram pelo menos duas das atividades que faziam parte das suas reuniões
regulares. A oração sempre foi uma marca das reuniões dos crentes.
Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora
CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 633.
Lucas
registra como viviam os novos convertidos.
Alistam-se
quatro atividades das quais participavam. Geralmente, são consideradas como
quatro coisas separadas, mas também é possível argumentar que são, na
realidade, os quatro elementos que caracterizavam uma reunião cristã na igreja
primitiva e, de modo geral, é este o ponto de vista preferível.
Em
primeiro lugar, havia a doutrina dada pelos apóstolos, que eram qualificados
para esta tarefa por causa do seu convívio com Jesus. É possível que tenham
sido considerados, num sentido especial, os guardiães das tradições acerca de
Jesus, na medida em que a igreja crescia e se desenvolvia.2 5 Em segundo lugar,
havia comunhão-, a palavra significa “coparticipação”, e, embora pudesse
referir-se à distribuição dos bens conforme a descrição nos w. 4445, é mais
provável que aqui se refira a uma refeição em comum ou a uma experiência
religiosa da qual todos participavam. Em terceiro lugar, havia o partir do pão.
Este é o termo que Lucas emprega para aquilo que Paulo chama de “Ceia do
Senhor”. Refere-se ao ato que dava início a uma refeição judaica, e que passara
a ter um significado especial para os cristãos, tendo em vista a ação de Jesus
na Última Ceia, e também quando alimentou as multidões (Lc 9:16; 22:19; 24:30;
At 20:7, 11).
Alguns
alegam que o que há em mira aqui não passa de mera refeição de convívio, talvez
uma continuação das refeições feitas com o Senhor ressurreto, sem qualquer
relação específica à Última Ceia ou à forma paulina da Ceia do Senhor, que
celebrava a Sua morte; é muito mais provável, no entanto, que Lucas aqui está
empregando um nome antigo palestiniano para a Ceia do Senhor no sentido
rigoroso. Finalmente, mencionam se as orações. Caso não se trate de uma
referência a parte de uma reunião cristã, então trata-se da maneira dos
cristãos observarem as horas de oração marcadas pelos judeus (3:1).
Estes
são os quatro elementos essenciais na prática religiosa da igreja cristã.
Howard
Marshall. Atos. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão.
pag. 62-63.
2- Exercício dos dons espirituais.
Como
nos dias do profeta Samuel em que “as visões não eram frequentes” (1Sm 3.1 –
NAA), assim também os “dons espirituais” parecem ter se tornado algo
extremamente raro entre muitos pentecostais. Não existe Movimento Pentecostal
autêntico sem a prática dos dons espirituais. O Movimento não pode existir
somente como uma doutrina árida, ele deve se expressar no dia a dia através do
exercício dos dons espirituais. O medo de possíveis abusos não serve como
desculpa. Não podemos rejeitar as verdadeiras manifestações do Espírito por
temer as falsas.
COMENTÁRIO
Devemos,
no entanto, evitar a ideia de que, em nossa vida cristã, nosso objetivo
principal seja o nosso aperfeiçoamento. A verdade é que conseguimos mais
crescimento, enquanto servimos. O santo (dedicado, consagrado) não é o que
passa todo o seu tempo no estudo, na oração e nas devoções, por mais importante
que isso seja. Os vasos no tabernáculo não podiam ser usados para outros fins,
mas não foi a separação do uso comum que os tornou santos. Não eram santos até
serem usados no serviço de Deus. Logo, o santo é aquele que não somente é
separado do mal, mas também separado para Deus, santificado e ungido para o uso
do Mestre. Isto era simbolizado, no Antigo Testamento, pelo fato de que o
sangue era aplicado primeiro, e depois, o óleo sobre o sangue. A purificação,
portanto, era seguida por uma unção simbólica que representava a obra do
Espírito na preparação para o serviço. De modo que nós também somos ungidos,
assim como o foram os profetas, os reis, e os sacerdotes da antiguidade (2
Coríntios 1.21; 1 João 2.20).
Os
meios e o poder para o serviço provêm através dos dons espirituais. Mas é
necessário fazer distinção entre os dons e o dom do Espírito. O batismo com o
Espírito Santo era necessário antes de os primeiros discípulos saírem de
Jerusalém ou até mesmo cumprirem a Grande Comissão. Precisavam de poder, e o
próprio nome do Espírito Santo tem ligação com força. Ele se manifesta como o
Dom e o Poder. Ele mesmo é as primícias da grande colheita, e veio para iniciar
a tarefa que trará alguns de cada raça, língua, povo e nação para estar junto
do trono (Apocalipse 5.9). O mesmo batismo foi experimentado por outros, em
pelo menos quatro ocasiões, registradas em Atos, conforme já vimos, bem como
por alguns, posteriormente, de conformidade com Tito 3.5.
HORTON.
Stanley. M. O que a Bíblia Diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora
CPAD.
Quando
Vingren foi batizado no Espírito Santo em 1909, já fazia três anos que o
avivamento da rua Azusa chegara a Chicago trazendo a firme convicção de que as
línguas sempre evidenciam o batismo pentecostal.
Quando
Vingren foi participar de uma conferência de avivamento na Primeira Igreja
Batista de Chicago, ele já tinha assimilado por intermédio de William H. Durham
que as línguas eram a evidência do batismo no Espírito. E foi com essa convicção
que ele foi buscar o batismo pentecostal.
Tendo
se radicado no Brasil, Vingren e Berg espalharam a doutrina pentecostal das
línguas como evidência do batismo no Espírito nos quatro cantos da terra de
Vera Cruz. Na verdade, a doutrina das línguas como evidência do batismo no
Espírito Santo foi o pilar principal sobre o qual a Assembleia Brasileira foi
fundada. As línguas como evidência eram uma prova física da presença do
Espírito no crente e a porta para a entrada em outras manifestações do Espírito
(At 19.6). Por onde iam, eles faziam discípulos e os ensinavam sobre a
necessidade de serem batizados no Espírito Santo com o falar em outras línguas
como sinal que o acompanhava.
Em
1950, o jornal Mensageiro da Paz publicou um artigo sobre o batismo no Espírito
Santo escrito por Gustavo Kesller. Fica claro no artigo de Kessler como a
doutrina pentecostal verberada no Brasil por Gunnar Vingren havia se
consolidado. Como observou Émile Léonard em seu pioneiro livro O Iluminismo num
Protestantismo de Constituição Recente (2015, p.108), esse artigo foi
apresentado como uma espécie de “Declaração de Fé”.
O
artigo foi escrito para alcançar as denominações históricas, as quais Kessler
identifica como “irmãos denominacionais”.
Nós
crentes das Assembleias de Deus cremos como vós que Jesus é o único e
suficiente Salvador; que a salvação é inteiramente pela graça, por meio da fé,
em Jesus Cristo. Nós cremos em todas as doutrinas ensinadas por Jesus Cristo e
pelos apóstolos e cremos também que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e
eternamente”. É por isso, somente por isso, que cremos que ele ainda batiza com
o Espírito Santo, pois ele ainda é o mesmo. “Porque em verdade João Batizou com
água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo”. O batismo com o Espírito
Santo não é recebido no momento da salvação, nem na hora do batismo nas águas.
Os
crentes de Samaria eram salvos e batizados nas águas, mas ainda não tinham
recebido o batismo com o Espírito Santo (Atos 8.15-16). Os que creram na casa
de Cornélio foram salvos e receberam o batismo com o Espírito Santo antes de
receberem o batismo nas águas (Atos 10.44). O sinal do batismo com o Espírito
Santo é o falar em línguas estranhas; assim como ocorreu no dia de Pentecostes
(At 2.4); na casa de Cornélio (Atos 10.48); em Éfeso (Atos 19.6). Em Samaria o
mesmo sinal visível houve uma vez que Simão ofereceu dinheiro aos apóstolos;
logo vira algum sinal sobre os que eram batizados com o Espírito Santo (Atos
8.19) […] o batismo com o Espírito Santo não é a salvação; a salvação vem pela
fé; mas o batismo com o Espírito Santo é uma bênção advinda da salvação.
Aceitar a salvação que Deus oferece e rejeitar ou negligenciar o batismo com o
Espírito Santo, que Deus também oferece, não pode deixar de ser uma grande
falta que ofende a dignidade do bondoso Pai Celestial. Irmãos denominacionais,
vós todos os salvos, buscai o batismo com o Espírito Santo.
A
doutrina pentecostal de Vingren fez escola. Sua mensagem foi consolidada. Da
pena de nativos, o que ele havia crido no início do pentecostalismo estava
sendo proclamado com toda força nos quatro cantos do Brasil. Aquilo que havia
começado com um punhado de gente agora já era uma multidão. A identidade
pentecostal gerada em Topeka e Azusa, formatada em Chicago, agora estava sendo
verberada no Brasil.
Gonçalves.
José,. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas
de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora
CPAD. 1ª edição: 2022.
SINOPSE III
A
fidelidade às Escrituras e o exercício dos dons são instrumentos espirituais
para manter a chama pentecostal acesa e atual para a Igreja.
AUXÍLIO DOUTRINÁRIO
OS DOIS PROPÓSITOS DAS ESCRITURAS
“São
dois os propósitos das Escrituras Sagradas: revelar o próprio Deus e expressar
a sua vontade à humanidade. Pelo primeiro, dentre outras formas de revelação,
Deus graciosamente revelou a si mesmo pela Palavra: ‘Havendo Deus, antigamente,
falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós
falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho’ (Hb 1.1). Pelo segundo propósito,
Deus expressa claramente a sua vontade redentora a todos e a cada um dos seres
humanos sem nenhuma acepção de pessoas, por meio da fé em Jesus Cristo: ‘Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé como está escrito: Mas o justo
viverá da fé’ (Rm 1.17).
Assim
sendo, o Senhor Jesus Cristo é o centro das Escrituras. Ele mesmo disse: ‘São
estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés nos profetas, e nos
Salmos’ (Lc 24.44). Tudo o que precisamos saber sobre Deus e a nossa redenção
está suficientemente revelado em sua Palavra. Ela é o manual de Deus para toda
a humanidade, e suas instruções visam, também, à felicidade humana e o
bem-estar espiritual e social de todos os seres humanos” (Declaração de Fé
das Assembleias de Deus: 1° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.27-28).
CONCLUSÃO Nesta lição vimos que o Movimento
Pentecostal possui sólida fundamentação Bíblica. Vimos também que, como um
movimento do Espírito, o pentecostalismo está inserido dentro de certo contexto
histórico. Isso o fez consciente de sua missão. Contudo, após um século do seu
advento, o movimento passou a dar sinais de esfriamento. Não há dúvida de que o
enfraquecimento doutrinário, e até mesmo desvios teológicos que negam a
manifestação dos dons espirituais, está na gênese desse processo.
Fonte: PROFESSOR DA EBD
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