sábado, 9 de julho de 2022

A SUTILEZA DA BANALIZAÇÃO DA GRAÇA TT.2.11

 

IntroduçãoNesta lição estudaremos sobre a graça de Deus. Não há dúvidas de que nos últimos anos os cristãos têm demonstrado maior interesse em conhecer melhor a doutrina da graça. Nesse sentido, pode-se dizer que há um despertar da graça. Contudo, para muitos, esse ensino continua ainda ofuscado. Nesse aspecto, pode se dizer que a doutrina da graça tem sido mal compreendida e, portanto, mal assimilada e, consequentemente, desvirtuada. Muito do que se prega e se ensina como sendo o Evangelho da graça, nada mais é do que uma forma deturpada da graça. É a graça barateada.

I. COMPREENDENDO A GRAÇA

1. A graça é divina. Ao se afirmar que a graça é divina, se quer dizer com isso que a sua origem está inteiramente em Deus. Foi Ele quem quis agir com graça. O testemunho bíblico é que “aprouve a Deus salvar” os homens (1Co 1.21). Isso significa que a origem da graça, bem como a iniciativa da salvação, é ato de Deus. A graça, portanto, tem origem no céu. Ninguém pode salvar a si mesmo.

2. A graça é imerecida. A graça é um favor imerecido. Isso significa que ninguém a merecia e nem tinha como merecê-la. De fato, a Escritura diz que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

a)    Todos necessitam da salva Rm.3.10-12;

                                   I.          Do poder do pecado Rm. 6.18; 8.2

                                 II.          Da maldição da lei Gl.3.13;

                               III.          Do poder de satanás At.26.18;

                              IV.          Da ira vindoura ITs. 1.10

Nossa justiça própria é como trapo da imundícia (Is 64.6). A nossa condição antes de conhecermos a graça se assemelhava a de alguém que deve uma grande quantia e não tem com que pagar (Lc 7.42; Cristo perdoou a dívida que era nossa e que não podíamos pagar Ef 2.4,5).

II. A GRAÇA NO CONTEXTO BÍBLICO

1. A necessidade da graça. Uma das doutrinas mais bem definidas e claras nas Escrituras é a referente à queda do homem. O primeiro fato a ser observado é que Adão, o primeiro homem, foi criado como um ser moralmente livre, podendo escolher o que fazer. A Escritura diz que Adão foi tentado (Gn 3.6), mas não coagido a pecar (Gn 3.16,17).

               I.          Dores Gn.3.16;

             II.          Sujeição a lei Gn3.16, Cl.4.4,5;

           III.          Maldição Gn.3.17, Gl.3.13;

          IV.          Fadiga Gn.3.17, Is.53.11;

            V.          Espinhos Gn.3.18, Mt.27.29;

          VI.          Suor Gn.3.19, Lc.22.44;

        VII.          Morte Gn.3.19, Lc.23.46.

Deus o responsabilizou por sua desobediência (Gn 3.17). O primeiro homem, portanto,

de forma livre e voluntária, desobedeceu e pecou (Rm 5.12a).

O segundo fato é que a queda do homem produziu consequências, tanto para ele como

para sua posteridade. Adão era o cabeça da raça e como tal todos os homens estava

sob seus lombos (Rm 5.12b; Gn 3.23). Ninguém, portanto, ficou fora da esfera do

pecado. Tendo caído no pecado, o homem não podia por si mesmo se libertar. Uma das

consequências advindas da Queda foi a necessidade da satisfação da justiça divina. Por

isso, a justiça de Deus exige a punição do pecado. Isso porque Deus sendo justo e santo

não deixaria o pecado impune. Contudo, assim como Deus é justo, da mesma forma, Ele

é amor. Isso é denominado pelos teólogos como a doutrina do “duplo amor de Deus” - O

amor de Deus à justiça e o amor de Deus à humanidade. Se por um lado, a justiça divina

exige a punição do pecado, por outro lado, o amor de Deus pela humanidade levou-o a

prover a cruz como o meio de justificação (1Tm 2.5; Jo 3.16). Em Cristo Jesus, portanto,

Deus manifesta o seu grande amor pela humanidade e vê nEle sua justiça satisfeita.

2. A extensão da graça. As Escrituras afirmam que Deus quer salvar a todos (1Tm 2.4). Deus ama todos os homens. Logo, o mais vil pecador, no lugar onde estiver, é amado por Deus e, por isso, deve ser alcançado. O alcoólatra, o adúltero, o homicida etc., todos serão aceitos por Deus se receberem a graça divina, Cristo Jesus. Essa graça é extensiva a todos os homens. Ela é universal. Contudo, essa graça não é universalista. Uma coisa não tem relação com a outra. O universalismo prega que todos, independentemente de credo, religião ou arrependimento, ou comportamento, serão salvos. Ao contrário, a graça é universal porque é estendida a todos os homens. Todos os que se arrependerem e confessarem a Cristo podem ser salvos. A graça é oferecida a todos (Tt 2.11).

               I.          A aparição Maravilhosa: a graça salvadora Tt.2.11;

             II.          A quem a graça se manifestou? A todos os homens ITm.2.4;

           III.          Como a graça se manifestou? Em amor indescritível Jo.3.16;

          IV.          Quando a graça se manifestou? Quando os tempos se cumpriu Gl.4.4;

            V.          Porque a graça se manifestou? Para salvar Tt.2.11,12;

          VI.          Para que a graça se manifestou? Para Deus ter um povo exclusivamente seu Tt.2.12-14.

Contudo, só se torna eficaz na vida daquele que crê (Mc 16.16; Jo 6.47).

III. A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA

1. A corrupção da doutrina da graça. O contexto da Reforma Protestante do século XVI é muito diversificado. Contudo, é possível identificar alguns fatores que contribuíram para o surgimento da Reforma: o catolicismo perdia influência e, por isso, surgiu uma reação contra os líderes religiosos por conta de seu baixo nível moral; a rejeição da doutrina católica como válida; um maior interesse pela educação, que deixa de ser um privilégio dos líderes católicos; e uma maior diversidade doutrinária. De uma forma direta, pode-se afirmar que a Reforma surge como uma resposta ao enfraquecimento, deturpação e negação da doutrina da graça, que no período medieval, havia sido totalmente reconfigurada. A salvação pelas obras havia substituído a salvação pela fé somente (Rm 1.17). Em outras palavras, a salvação havia se tornado meritória.

2. A restauração da doutrina graça. Como foi observada, a Reforma, portanto, surge como uma reação à corrupção da doutrina da graça. Lutero, monge alemão agostiniano, se torna o principal porta-voz da doutrina “pela fé somente”. Posteriormente, o lema luterano seria conhecido como uma das cinco solas: sola gratia (só a graça). Os reformadores estavam também convictos de que somente através do retorno às Escrituras a doutrina da graça poderia ser restaurada. Foi por isso que lutaram. Foi por isso que sofreram e, até mesmo, morreram. A doutrina da graça não aceita misturas. É pela graça somente que somos salvos.https://www.estudantesdabiblia.com.br/images/cr1.gif

IV. A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO

1. A graça barateada. Há muito a expressão “graça barata” foi introduzida na literatura para expressar a vida cristã nominal ou mundanizada. De fato, o evangelho expresso por alguns ensinadores não reflete mais a graça. Parece que quanto mais crescem, menos influência os evangélicos estão causando na sociedade. Urge voltar para o Evangelho da genuína graça de Deus.

2. O valor da graça. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo da graça afirmou: “Vocês foram comprados por preço” (1Co 7.23 — NAA). Paulo foi um defensor do Evangelho da graça. Em seu tempo ele não aceitou de forma alguma os penduricalhos que alguns cristãos quiseram por ao Evangelho. O apóstolo sabia do alto preço que custou a nossa salvação — o sangue de Cristo. A salvação é de graça, mas o seu preço custou caro. Duas coisas precisam ser observadas neste texto. Primeiramente, a voz passiva do verbo grego indica que outra pessoa fez a transação por nós e o tempo verbal (aoristo) diz que essa transação foi completa. Não há mérito humano, Cristo pagou o preço e fez tudo por nós. Nada mais precisa ser acrescentado a nossa salvação. Isso é graça!https://www.estudantesdabiblia.com.br/images/cr1.gif

Conclusão: Nesta lição, partimos da necessidade de se compreender corretamente o que é a graça de Deus. Vimos como a graça de Deus foi entendida em diferentes contextos. A Bíblia é sempre a régua através da qual qualquer entendimento da doutrina da graça precisa ser medido. Como verberou na Reforma, a Escritura continua ecoando em nossos dias — a salvação é somente pela graça.


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