O apostolo Paulo em ITm.4.1, "Mas o Espírito expressamente
diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a
espíritos enganadores e a doutrinas de demônios".
O cerne da presente lição encontra-se no versículo 8. Neste, há um
divisor entre a compreensão positiva e negativa da doutrina de Cristo demonstrada
por três expressões: "segundo os homens" (kata anthrõpõn); "segundo
o mundo" (kata tou kosmou); e "segundo
Cristo" (kata Christon). As duas primeiras, não
apenas opõe-se a última, mas a combatem. Fazem parte daquilo que Paulo
denominou de "filosofias" e "vãs sutilezas". Estas, procedem de
fontes humanas e malignas, enquanto a terceira, fundamenta-se na revelação
divina em Cristo. "Segundo os homens", refere-se à crença em um
conjunto de tradições orais ou lendárias que, pela sua antiguidade, parecia ser
merecedora de crédito e aprovação. Contudo, não passava de sutileza ou
engodo (apatè). "Segundo o mundo", difere da
primeira, pois enquanto a expressão "segundo os homens" baseia-se nas
lendas artificiosas, esta, na adoração aos espíritos ou "aeons".
Portanto, a religião professada em Colossos era constituída de um fundamento
teórico antigo que formava a doutrina e fortalecia a crença na adoração a espíritos
intermediários entre Deus e os homens.
Desde os tempos bíblicos, Satanás vem usando os seus agentes a fim de
levar o povo de Deus a desacreditar na Bíblia como palavra de Deus, na
divindade e na obra redentora de Cristo. Temos de estar devidamente preparados
para detectar e desmascarar suas sutilezas. Sem dúvida, esse é um dos maiores
desafios da Igreja de Cristo nestes últimos dias.
Os ardis de satanás
1. SEUS DISFARCES. Desde a fundação da
Igreja, os falsos mestres vêm disfarçando-se entre os filhos de Deus para
disseminar suas heresias. Jesus disse que os mestres do erro se apresentam
"vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores" Mt 7.15.
A Bíblia classifica os tais como "falsos apóstolos" e "obreiros
fraudulentos", identificando-os como agentes de Satanás que se transfiguram
"em ministros da justiça" IICo.11.13-15. Devemos, por isso,
acautelar-nos deles. Através dos falsos mestres satanás consegue dominar as
pessoas.
1. Ele
cega as pessoas IICo.4.4;
2. Ele
seduz seus corações Ap.20.10;
3. Ele
engana com meias verdades IICo.11.14;
4. Ele as
atenta com engodos Ef.6.11;
5. Ele as segura
sobre seu domínio At.26.18
2. SUAS ESTRATÉGIAS. Os expositores
sectários preocupam-se com a aparência, pois costumam apresentar o seu movimento
como um paraíso perfeito IITm.3.5. Outros, em razão do terrorismo psicológico e
da pressão que sofrem de seus líderes. Seus argumentos são recursos retóricos
bem elaborados e persuasivos, para convencer o povo a crer num Jesus estranho
ao Novo Testamento IICo.11.3.
A perícia dos heresiarcas
1. "PALAVRAS PERSUASIVAS" (v.4). Os
falsos mestres, a quem o apóstolo se refere, estavam envolvidos com o
legalismo judaico: circuncisão Cl.2.11, preceitos dietéticos e guarda de dias
Cl 2.16. Há também várias referências ao gnosticismo Cl.2.18, 23. O verbo
grego pâralogizomai, "enganar, seduzir com raciocínios
capciosos", descreve com precisão a perícia dos falsos mestres na
exposição de suas heresias. O nosso cuidado deve ser contínuo para não nos
tornarmos presas desses doutores do engano.
2. O JESUS QUE RECEBEMOS (vv.6,7). O
apóstolo insiste que devemos andar de acordo com o evangelho, a fim de ficarmos
arraigados, edificados e firmados na Palavra de Deus. Isto é a nova vida do
crente.
a)
Andando em novidade de vida Rm.6.4; 8.1;
b)
Andando em fé e não por vista IICo.5.7;
c)
Andando no Espirito Gl.5.16;
d)
Andando como Jesus andou IJo.2.6.
Entretanto, a mensagem dos
agentes de Satanás é sempre contra tudo o que cremos, pregamos e praticamos.
Às vezes, há alguns pontos aparentemente comuns entre nós e eles, e nisso reside
o perigo, visto que é por onde tais ensinos se introduzem.
3. A SIMPLICIDADE DO EVANGELHO. A mensagem do evangelho é simples e qualquer ser
humano, independentemente de seu preparo intelectual e origem, é capaz de
entender; basta dar lugar ao Espirito Santo, que convence o homem do pecado, da
justiça e do juízo. Jo.16.8. A conversão ao cristianismo não é resultado de estratégia de
marketing, nem de técnicas persuasivas ICo.2.4. Não é necessário, portanto, um
"curso de lógica" para alguém ser salvo ou entender os princípios da
fé cristã.
As sutilezas do erro
1. "NINGUÉM VOS FAÇA PRESA SUA" (v.
8a). O significado de "presa" revela o que acontece,
ainda hoje, com os adeptos das seitas. O verbo grego sylagõgeõ, "levar
como despojo, prisioneiro de guerra, sequestro, roubo", descreve o estado
espiritual dos que seguem os falsos mestres. Um dos objetivos dos promotores de
heresias é escravizar as suas vítimas para terem domínio sobre elas Cl.2.18,
Gl.4.17. Hoje, muitos estão nos grilhões das seitas como verdadeiros escravos.
2. "POR MEIO DE FILOSOFIAS" (v.
8b). Não há indícios de que o apóstolo esteja fazendo alusão às
escolas filosóficas da Grécia. O estoicismo e o epicurismo eram as filosofias
predominantes do mundo romano na era apostólica e são mencionadas em o Novo
Testamento At.17.18. As "filosofias" de que Paulo trata são conceitos
mundanos, contrários à doutrina e à ética cristã. Qualquer sistema de
pensamento, ou disciplina moral, era, naqueles dias, chamado de
"filosofia". Os epicureus sustentavam uma filosofia de visão
materialista da alma: ela se dissolvia e se dissipava na morte. Atualmente os
sucessores dos epicureus falam de “fazer
o que der na cabeça”, e o egoísmo desenvergonhado exibido por eles raramente é
atenuado pela qualificação ordinária “desde que ninguém saia prejudicado”,
principio mais quebrado do que observado.
3. "VÃS SUTILEZAS" (v.
8c). Engano e sutileza, nesse contexto, significam a mesma coisa. A
palavra grega usada para sutileza é apaté, isto é, "engano"
Ef.4.22, "sedução" Mt.13.22. É usada para referir-se a pessoas de
conduta enganosa e embusteira que levam outras ao engano. É mediante tais
recursos que os mestres do erro conduzem suas vítimas ao desvio. Tais
sutilezas impedem as pessoas de verem a verdade e, como consequência,
tornam-se cativas das astúcias de Satanás.
4. "SEGUNDO A TRADIÇÃO DOS HOMENS" (v. 8d). Não
é a tradição apostólica nem judaica, mas um sincretismo de elementos cristãos,
judaicos e pagãos: angelolatria e ascetismo, por exemplo. Eram práticas que se
opunham ao evangelho. Trata-se de tradição humana (Crença em
um corpo de tradições lendárias que, pela sua antiguidade, era merecedora de
crédito e anuência.) Ao passo que o evangelho veio do céu Gl.1.11, 12).
Os rudimentos do mundo
1. O SIGNIFICADO DE "RUDIMENTOS" (v. 8). A
expressão "rudimentos do mundo", literalmente é: "elementos do
universo", ou "rudimentos do mundo", em nossas versões. A
palavra stoicheion, "fundamento, elemento", aparece
na filosofia grega para os quatro elementos da natureza: terra, água, ar e
fogo que, segundo ensinavam os físicos gregos, compõem a totalidade do mundo
IIPe.3.10,12. Para outra escola filosófica da Grécia, significava
"elementos espirituais", ou "espírito vivo", que se
difundia por toda a natureza como força vivificante.
2. O APÓSTOLO SE REFERE A QUE "RUDIMENTOS"? Essa
palavra é usada, também, com o sentido de "princípio básico" Hb.5.12
e de "elementos judaicos" ou "adoração cósmica" do
sincretismo helênico Gl 4.3, 9. O termo deve ser analisado à luz do contexto
e, aqui, mostra que são uma referência aos
poderes demoníacos que se opunham a Cristo. Veja
que o apóstolo contrapõe esses rudimentos a Cristo: "segundo os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo".
3. A DEIDADE DE CRISTO EM JOGO. Cristo
é superior a todos os poderes Ef.1.21.
a) Ele é
de cima Jo.3.31;
b) É sobre
todos Jo.13.13;
c) Ele é a
cabeça da igreja Cl.1.18.
Os crentes, portanto, não precisam dos stoicheia, ou
poderes demoníacos, apresentados pelos falsos mestres. As vãs filosofias são
oriundas dos homens e do reino das trevas e não de Cristo. Há uma diferença
abissal entre Cristo e os rudimentos do mundo. Não se trata, por conseguinte,
de um demiurgo dos gnósticos, nem dos poderes cósmicos dos adeptos da Nova Era
(v. 9).
4. O SIGNIFICADO DE "TODA A PLENITUDE DA DIVINDADE" (v.9). Temos,
neste contexto, o Deus verdadeiro com toda a sua plenitude. O sentido de
"divindade", no texto original, é "deidade". Um conceituado
dicionário de grego afirma: "deidade, difere de divindade, como
a essência difere da qualidade ou atributo". Na Tradução do Novo
Mundo, as Testemunhas de Jeová diluíram o v. 9, traduzindo-o por
"qualidade divina", para adaptar à Bíblia as suas crenças, atitude
própria dos falsos mestres.
Concluindo - O povo de Deus vive em constante batalha
espiritual. O inimigo sempre trabalhou para desviar os crentes da vontade
divina, induzindo-os a crenças falsas e práticas que desonram ao Criador. Por
isso, devemos estar atentos quando um movimento religioso se
apresenta com persuasão e argumentos aparentemente convincentes. Trata-se,
geralmente, de alguém que pretende mostrar-nos algo que não está de acordo com
a Palavra de Deus.
"O que Significa 'Seita'?
1. Etimologia. O historiador
Flávio Josefo e muitos outros escritores antigos usaram a palavra hairesis com
o sentido de 'escola' de pensamento, 'doutrina' ou 'religião', sem conotação
pejorativa. O verbo grego haireõ, de onde vem o substantivo em
foco, significa 'escolher'. Na literatura clássica tem o sentido de escolha
filosófica ou política. Todavia, o Novo Testamento traz essa palavra com o
sentido de 'divisão, dissensão', pois lemos: 'E até importa que haja entre vós
heresias, para os que são sinceros se manifestem entre vós' (1 Co 11.19). A
versão Almeida Atualizada traduziu por 'partido'; a NVI, por 'divergências'; a
Tradução Brasileira, por 'facção'. A mesma palavra aparece em Gálatas 5.20
sendo traduzida por 'dissensão'. [...] Convém salientar que a palavra grega
para 'heresias' em o Novo Testamento, é a mesma para 'seita', hairesis. O
termo 'herege', que aparece em Tt 3.10, hairetikos, é adjetivo
que vem do referido substantivo grego. O sentido de erro doutrinário, como
'heresia', no campo teológico que nós conhecemos hoje, aparece pela primeira
vez em 2 Pedro 2.1. É nessa acepção que refutamos tais heresias.
2. Conceituação. Atualmente a palavra
'seita' é usada para designar as religiões heterodoxas ou espúrias. É uma
palavra já desgastada, trazendo em si, muitas vezes, um tom pejorativo. São
grupos que surgiram de uma religião principal e seguem as normas de seus
líderes ou fundadores e cujos ensinos divergem da Bíblia nos principais pontos
da fé cristã. São uma ameaça ao cristianismo histórico e um problema para as
igrejas.
3. Problemas. [...] As heresias
afetam os pontos principais da doutrina cristã, no que diz respeito a Deus:
Trindade, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo; ao homem: natureza,
pecado, salvação, origem e destino; aos anjos, à igreja e às Escrituras
Sagradas. O mais grave erro é quando diz respeito à Divindade. Errar em outros
pontos da fé cristã pode até não afetar a salvação, mas a doutrina de Deus é
inviolável. Negar 'o Senhor' é trazer sobre si repentina destruição.
Os novos movimentos internos como a Confissão Positiva e o G-12 não devem ser classificados como seitas, pois além de não afetarem os pontos salientes da fé cristã, seus ensinos e práticas não são necessariamente heresias, mas aberrações doutrinárias. O efeito destrutivo pode ser pior do que os movimentos externos, pois Satanás se utiliza, muitas vezes, da arrogância ou da ignorância dos mentores dessas inovações para causar divisões nas igrejas." (SOARES, Esequias. Manual de apologética cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 25-7.)
FONTES
DE PESQUISA:
Revista da EBD 3º trimestre de 2022
Bíblia Thompson
Bíblia do pregador
Bíblia de Estudo
Pentecostal
Bíblia de Estudo
NVI
Comentário Judaico
do Novo Testamento
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